
Vem aí um mês inteiro em que o planeta bola vai respirar a Copa do Mundo de Clubes. O Inter até teve alguma chance de estar nessa festa. Bastava Renê não ter entregado os tacos para o Fluminense naquela semifinal. Ainda teria de encarar o Boca Juniors na final do Maracanã.
Vestiu esse figurino como exceção, ao contrário de Palmeiras ou Flamengo, estes sempre rondando a glória continental por terem mais dinheiro e estrutura.
O futebol gaúcho, já cada vez mais apartado do Brasileirão, verá os jogos como o vira-lata suspira na porta do açougue: língua de fora, esfomeado, sem nenhuma chance de ganhar um naco de filé.
É um campeonato com muita chance de vingar. A razão é simples. Os europeus compraram a ideia. Para um Real Madrid ou Manchester City, com planos de expansão torcedora para muito além de Espanha e Inglaterra, é um prato cheio. Isso sem falar no mercado americano pré-Copa dos EUA. É lá que está o dinheiro.
Mesmo se Palmeiras, Flamengo, Botafogo e Fluminense forem eliminados na primeira fase, embolsarão R$ 160 milhões. O campeão pode faturar até 125 milhões de dólares (R$ 700 milhões). Eis aqui outro atrativo para os tubarões da Europa.
E a Dupla Gre-Nal? Cada vez mais escanteada, coadjuvante e incapaz de encarar uma temporada em alto nível. O que nos falta? Dinheiro.
Cenário desigual
Aquela equação — base forte + garimpagem de jogadores + gestão = títulos — não funciona mais. Ainda precisamos dela, e muito, mas como dever de casa. Sozinha, ela já não te permite competir no topo.
Para a Libertadores, o Inter perdeu por lesão Fernando (garimpagem no mercado). O Flamengo comprou Jorginho, do Arsenal, para repor Gerson, em vias de ser vendido por R$ 150 milhões para o Zenit. É desigual.
Lá, orçamento de R$ 1,3 bilhão. Aqui, em vermelho e azul, por volta de R$ 600 milhões. Lá, superávit, pelo Everest de receitas. Aqui, joias da base para pagar dívidas milionárias.
O poço está perto. O brete, estreito. Vamos esperar novo rebaixamento? O Grêmio bateu na trave ano passado. O Inter acaba de entrar no Z-4.
Não temos mercado para seguir organizado de forma associativa como Palmeiras e Flamengo. A SAF não precisa se adonar de mais de 50% das ações. Na Alemanha, isso nem é permitido, e o Bayern de Munique é uma potência.
Temos de sair da pasmaceira e, ao menos, discutir um modelo alternativo que dê relevância a novos investidores. Inter e Grêmio precisam de uma injeção de dinheiro pesado como parte do negócio, e não a fundo perdido para pegar lá adiante, quando vender fulano e beltrano.
É isso ou seguir como cusco no açougue: vendo tudo sem passar da porta, à espera do pedacinho de linguiça.