
Há um ano em funcionamento, o Centro Multiprofissional de Apoio à Aprendizagem (Cemape) atende, em parceria com a rede municipal de ensino, a cerca de 100 alunos com diagnóstico de transtornos que impactem na aprendizagem ou estudantes estrangeiros com dificuldade no português como segunda língua.
As atividades são desenvolvidas por uma equipe de 12 servidores da área da educação, que avaliam qual a melhor intervenção para cada tipo de diagnóstico. As crianças e adolescentes de seis a 16 anos que utilizam o serviço foram mapeadas por meio da coordenação pedagógica, dos professores e do atendimento educacional especializado nas escolas municipais.
— Nesse período de um ano, alguns alunos que era atendidos deixaram de participar do serviço porque ele não é uma obrigatoriedade, diferente do que acontece na escola. Alguns mudaram de cidade, ou, às vezes, não têm mais interesse porque já conseguiram um atendimento por outra via... Mas é um serviço bastante concorrido — analisa a diretora pedagógica Caroline Caldas Lemons.
Quem utiliza o serviço desde o início são os irmãos Estevan, sete, e Miguel, 10, filhos da professora Letícia Fernandez Gutterrez. Os dois foram diagnosticados com Transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) há cerca de um ano e utilizam os serviços do Cemape desde o ano passado. Os dois estudantes foram encaminhados por meio da escola em que estudam.
— Aqui eles fazem atividades de recorte, matemática, português, tiram as dúvidas da aula. Eles mudaram muito, porque no ano passado, conforme eles vinham, eles foram melhorando no colégio, conseguiram fazer as coisas na aula, não precisam ficar pedindo para o colega... — avalia Letícia.

Antes de utilizar o serviço, ela lembra que era comum ver os filhos desmotivados com os estudos em função da dificuldade de aprendizagem.
— Era bem complicado, porque eles não queriam fazer nada. Eles mudaram de comportamento na escola, em casa, as notas melhoraram — orgulha-se.
Equipe multidisciplinar
A equipe de atendimento do Cemape é composta por fonoaudióloga e profissionais da educação especializados em educação especial, como por exemplo altas habilidades e superdotação. As atividades desenvolvidas com cada estudante dependem de uma avaliação feita pelo profissional quando a família é encaminhada ao serviço.

— Nós atendemos crianças que têm, por exemplo, dislexia, discalculia, disortografia, altas habilidades, superdotação, crianças com déficit do processamento auditivo e crianças com transtorno do espectro autista. De acordo com a especificidade de cada criança, é pensado qual é o serviço que ela terá mais benefício se receber a oferta. Pode ser o trabalho do arteterapeuta, a partir da música e das artes plásticas, da fonoaudióloga, com a psicopedagoga, com o profissional especializado em educação especial... — explica a diretora pedagógica.
Há, também, a equipe psicossocial, com psicólogo e assistente social, que dá suporte para as famílias com o objetivo de entender as dificuldades em casa, além do diálogo com professores, com orientações sobre como atender melhor as necessidades dos alunos.
Perspectivas
Por enquanto, são 100 vagas ofertadas a crianças encaminhadas pela rede de ensino municipal. No entanto, de acordo com um mapeamento feito pela Secretaria da Educação (Smed), no último ano, aponta que são pelo menos 800 crianças com algum diagnóstico ou laudo de transtorno na aprendizagem na rede de ensino.
— As vagas são bem disputadas e é por isso que existe toda uma mobilização da rede para que mais vagas sejam sempre abertas. Essa é a nossa intenção: ampliar o atendimento — explica, mas sem dar data ou detalhes como como seria essa ampliação.